Deficiente físico inventa prótese de mogno para trabalhar em sítio
Engenhoca criada por sitiante já resiste há mais de 20 anos.
Ele foi atendido em mutirão ortopédico em Cuiabá e vai ganhar nova prótese.
Ele foi atendido em mutirão ortopédico em Cuiabá e vai ganhar nova prótese.
Dhiego Maia
Do G1 MT
Uma engenhoca feita de mogno – madeira de lei resistente e de grande valor comercial no mercado moveleiro -, ferro, parafusos e borracha faz o idoso José Caron, 75, andar de um lugar a outro sem o mínimo esforço. O idoso é deficiente físico desde criança. A perna esquerda dele foi amputada em um momento de descuido quando ele cortava justamente uma árvore. E na última semana, ele esteve em Cuiabá e foi atendido em um mutirão ortopédico para ganhar uma nova prótese.
“Eu passei o machado para dar o último corte, quando vi já tinha decepado a minha perna”, lembra Caron. O acidente causou um grande susto na família e nos moradores da cidade natal do idoso, Erexim, localizada no interior do Rio Grande do Sul. Várias décadas se passaram e com elas também muitas próteses ortopédicas.
Acostumado à lida do campo, já que é sitiante, o idoso disse em entrevista ao G1, que nunca se adaptou com as próteses usuais, pois não resistiam ao trabalho rural e incomodavam. “O maior desconforto delas é que queimavam a pele da gente”, afirma. Mesmo assim, por recomendação médica, continuou a usar as próteses.
Caron deixou o Rio Grande do Sul já casado, assim como milhares de conterrâneos incentivados pelo programa de colonização de terras do governo, na região norte do país, na década de 1970. O gaúcho escolheu terras da pequena cidade de Colorado D’Norte, em Rondônia, para construir um sítio. Um dia, enquanto trabalhava, a prótese quebrou. “Eu estava limpando arroz e a prótese quebrou. Eu tive que ir pulando da roça até a minha casa. Não foi fácil”, aponta.
Criatividade
As dificuldades de deslocamento e a falta de recursos financeiros forçaram o idoso a criar a própria prótese para continuar a trabalhar. Ele disse que procurou na natureza um material que fosse resistente e ao mesmo tempo confortável. A inspiração veio dos cochos - espécie de um grande recipiente feito de madeira escavada que armazena sal e água para o gado. “Eu percebi que poderia pegar um tronco de mogno e abrir no meio assim como um cocho”, revela.
Um tronco de mogno, parafusos, uma braçadeira de ferro e uma estaca de teca que se move de um lado a outro simulando o movimento do joelho com uma borracha fixada na ponta. Esta é a prótese de Caron, que resiste há mais de 20 anos.
A mulher do idoso, Diva Caron, diz que a engenhoca nunca a incomodou e que o marido faz de tudo no sítio. “Ela (prótese) vai afrouxando, a estaca quebra, mas ele conserta e continua usando”, afirma Diva. O atrito da madeira com a pele é desfeito com o uso de uma meia bem fina presa com uma alça na cintura do idoso.
Nova prótese
Os fisioterapeutas do Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Corrêa (Cridac), de Cuiabá, se surpreenderam com a invenção do idoso e, após uma avaliação, constataram que a prótese de madeira não comprometeu a estrutura óssea de Caron. Ele esteve na capital mato-grossense com o intuito de conseguir uma prótese termoplástica, de material resistente, flexível e ligeiramente leve.
Em dois meses, o idoso deve passar por exercícios de adaptação para conseguir andar com a nova prótese, mas já deixou um recado. “Vou usá-la apenas para sair de casa, ir às festas. No meu sítio, vou continuar usando a de madeira”, sentencia.
A diretora do Cridac, Lúcia Provenzano, disse que o centro pretende criar um museu para expor ao público em geral todas as engenhocas criadas pelos pacientes.
Do G1 MT
Uma engenhoca feita de mogno – madeira de lei resistente e de grande valor comercial no mercado moveleiro -, ferro, parafusos e borracha faz o idoso José Caron, 75, andar de um lugar a outro sem o mínimo esforço. O idoso é deficiente físico desde criança. A perna esquerda dele foi amputada em um momento de descuido quando ele cortava justamente uma árvore. E na última semana, ele esteve em Cuiabá e foi atendido em um mutirão ortopédico para ganhar uma nova prótese.
“Eu passei o machado para dar o último corte, quando vi já tinha decepado a minha perna”, lembra Caron. O acidente causou um grande susto na família e nos moradores da cidade natal do idoso, Erexim, localizada no interior do Rio Grande do Sul. Várias décadas se passaram e com elas também muitas próteses ortopédicas.
Acostumado à lida do campo, já que é sitiante, o idoso disse em entrevista ao G1, que nunca se adaptou com as próteses usuais, pois não resistiam ao trabalho rural e incomodavam. “O maior desconforto delas é que queimavam a pele da gente”, afirma. Mesmo assim, por recomendação médica, continuou a usar as próteses.
Caron deixou o Rio Grande do Sul já casado, assim como milhares de conterrâneos incentivados pelo programa de colonização de terras do governo, na região norte do país, na década de 1970. O gaúcho escolheu terras da pequena cidade de Colorado D’Norte, em Rondônia, para construir um sítio. Um dia, enquanto trabalhava, a prótese quebrou. “Eu estava limpando arroz e a prótese quebrou. Eu tive que ir pulando da roça até a minha casa. Não foi fácil”, aponta.
Criatividade
As dificuldades de deslocamento e a falta de recursos financeiros forçaram o idoso a criar a própria prótese para continuar a trabalhar. Ele disse que procurou na natureza um material que fosse resistente e ao mesmo tempo confortável. A inspiração veio dos cochos - espécie de um grande recipiente feito de madeira escavada que armazena sal e água para o gado. “Eu percebi que poderia pegar um tronco de mogno e abrir no meio assim como um cocho”, revela.
Um tronco de mogno, parafusos, uma braçadeira de ferro e uma estaca de teca que se move de um lado a outro simulando o movimento do joelho com uma borracha fixada na ponta. Esta é a prótese de Caron, que resiste há mais de 20 anos.
A mulher do idoso, Diva Caron, diz que a engenhoca nunca a incomodou e que o marido faz de tudo no sítio. “Ela (prótese) vai afrouxando, a estaca quebra, mas ele conserta e continua usando”, afirma Diva. O atrito da madeira com a pele é desfeito com o uso de uma meia bem fina presa com uma alça na cintura do idoso.
Nova prótese
Os fisioterapeutas do Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Corrêa (Cridac), de Cuiabá, se surpreenderam com a invenção do idoso e, após uma avaliação, constataram que a prótese de madeira não comprometeu a estrutura óssea de Caron. Ele esteve na capital mato-grossense com o intuito de conseguir uma prótese termoplástica, de material resistente, flexível e ligeiramente leve.
Em dois meses, o idoso deve passar por exercícios de adaptação para conseguir andar com a nova prótese, mas já deixou um recado. “Vou usá-la apenas para sair de casa, ir às festas. No meu sítio, vou continuar usando a de madeira”, sentencia.
A diretora do Cridac, Lúcia Provenzano, disse que o centro pretende criar um museu para expor ao público em geral todas as engenhocas criadas pelos pacientes.
Fonte: G1
Audiodescrição na TV Brasileira começa a ser obrigatória
21/06/2011
Iniciativa é pioneira na América Latina
A equiparação de oportunidades está se tornando cada vez mais uma realidade para 16 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil. O recurso da audiodescrição começa a ser obrigatório por duas horas semanais a partir do dia 1º de julho nas emissoras de TV com sinal digital. Essa é a primeira iniciativa do gênero na América Latina.
O evento do anúncio da Portaria n. 188/2010 contou com a presença da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Maria do Rosário, e do secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez. Também estiveram presentes o secretario Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da SDH/PR, Antonio José Ferreira, do representante do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE), Misael Conrado, do articulador do movimento pela Audiodescrição no Brasil, Paulo Romeu Filho, e da audiodescritora e professora de audiodescrição Lívia Vilella de Melo Mota.
A ministra Maria do Rosário ressaltou que mesmo com tantos avanços e possibilidades de comunicação, ainda há uma parcela considerável da população que permanece excluída. “Toda sociedade fica mais forte com seu direito garantido como cidadão. Nenhuma pessoa fica prejudicada pela existência da audiodescrição, mas 16 milhões de brasileiros são muito prejudicados com a sua não existência”, destacou.
O secretário executivo do Ministério das Comunicações disse que essa questão é uma prioridade para o governo. Segundo ele, não há mais chance de se voltar atrás nesse direito. Cezar Alvarez conclamou a comunidade cega a fiscalizar e denunciar eventuais descumprimentos às autoridades. “Queremos ter 16 milhões de fiscais no Brasil”, disse.
Acompanhar os programas de televisão nem sempre foi possível para as pessoas com deficiências, por não haver um diálogo ou descrição dos fatos em uma cena só com imagens. A audiodescrição beneficiará o público com deficiência visual, intelectual, dislexia e também os idosos.
“Para as pessoas cegas no Brasil esse é um momento de grande felicidade. Nosso governo inaugura uma fase nova na vida das pessoas com deficiência visual quando passa a garantir o acesso ao conteúdo televisivo integralmente, ação que antes era inimaginável e que agora será realidade para esses brasileiros”, afirmou o secretário Antonio José.
O recurso da narração terá que estar disponível na função SAP (Programa Secundário de Áudio). Os filmes, documentários e programas transmitidos em outro idioma, também terão que ser integralmente adaptados, com dublagem do diálogo ou voz do narrador.
A portaria publicada pelo Ministério das Comunicações em 2006 já teve o prazo prorrogado por duas vezes. Porém, a previsão é que, em dez anos, todas as emissoras de televisão em sinal digital do Brasil exibam, no mínimo, 20 horas semanais de programas audiodescritos.
“Duas horas por semana podem ser um pequeno passo para nós hoje, mas são resultado de uma luta de mais de cinco anos de conversas com o Ministério das Comunicações e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), foi uma luta difícil”, relatou Paulo Romeu Filho.
O evento do anúncio da Portaria n. 188/2010 contou com a presença da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Maria do Rosário, e do secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cezar Alvarez. Também estiveram presentes o secretario Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da SDH/PR, Antonio José Ferreira, do representante do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE), Misael Conrado, do articulador do movimento pela Audiodescrição no Brasil, Paulo Romeu Filho, e da audiodescritora e professora de audiodescrição Lívia Vilella de Melo Mota.
A ministra Maria do Rosário ressaltou que mesmo com tantos avanços e possibilidades de comunicação, ainda há uma parcela considerável da população que permanece excluída. “Toda sociedade fica mais forte com seu direito garantido como cidadão. Nenhuma pessoa fica prejudicada pela existência da audiodescrição, mas 16 milhões de brasileiros são muito prejudicados com a sua não existência”, destacou.
O secretário executivo do Ministério das Comunicações disse que essa questão é uma prioridade para o governo. Segundo ele, não há mais chance de se voltar atrás nesse direito. Cezar Alvarez conclamou a comunidade cega a fiscalizar e denunciar eventuais descumprimentos às autoridades. “Queremos ter 16 milhões de fiscais no Brasil”, disse.
Acompanhar os programas de televisão nem sempre foi possível para as pessoas com deficiências, por não haver um diálogo ou descrição dos fatos em uma cena só com imagens. A audiodescrição beneficiará o público com deficiência visual, intelectual, dislexia e também os idosos.
“Para as pessoas cegas no Brasil esse é um momento de grande felicidade. Nosso governo inaugura uma fase nova na vida das pessoas com deficiência visual quando passa a garantir o acesso ao conteúdo televisivo integralmente, ação que antes era inimaginável e que agora será realidade para esses brasileiros”, afirmou o secretário Antonio José.
O recurso da narração terá que estar disponível na função SAP (Programa Secundário de Áudio). Os filmes, documentários e programas transmitidos em outro idioma, também terão que ser integralmente adaptados, com dublagem do diálogo ou voz do narrador.
A portaria publicada pelo Ministério das Comunicações em 2006 já teve o prazo prorrogado por duas vezes. Porém, a previsão é que, em dez anos, todas as emissoras de televisão em sinal digital do Brasil exibam, no mínimo, 20 horas semanais de programas audiodescritos.
“Duas horas por semana podem ser um pequeno passo para nós hoje, mas são resultado de uma luta de mais de cinco anos de conversas com o Ministério das Comunicações e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), foi uma luta difícil”, relatou Paulo Romeu Filho.
Fonte: Ascom/SDH
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