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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010


Síndrome dificulta rotina de quem teve poliomielite


Sintomas como cansaço e dores musculares surpreendem os pacientes anos depois da doença e confundem até os médicos



DANIELLE BORGES

DA REPORTAGEM LOCAL



Há cinco anos, o clínico-geral Roberto Seixas, 53, começou a se sentir mais cansado. O corredor do hospital que ele percorria diariamente passou a parecer cada vez mais longo. 'Precisava parar para descansar. Sentia muita fraqueza e cansaço', diz ele. Mesmo sendo médico, Seixas precisou pesquisar para descobrir que estava com síndrome pós-pólio, problema que acomete pessoas que, como ele, tiveram poliomielite. Embora o médico francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), considerado um dos pais da neurologia moderna, já chamasse a atenção para a síndrome em 1876, pouco se sabe sobre ela. Até no meio médico a síndrome permanece desconhecida, e seus sintomas -dores musculares, cansaço, fadiga e alterações no sono- são facilmente confundidos com estresse. Isso é um complicador para boa parte dos pacientes que tiveram pólio há 20 ou 30 anos e imaginam ter superado as limitações que a doença lhes infringiu. Uma pesquisa realizada pelo setor de doenças neuromusculares da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) aponta que entre 60% e 80% deles sofrem com a síndrome pós-pólio atualmente, mas é difícil chegar ao diagnóstico correto, o que incentivou os próprios pacientes a se organizarem (leia mais na pág. ao lado). Um exemplo da falta de informação é o caso da professora Bernardete Estrela Olivério, 48. A pólio que ela teve aos noves meses de idade causou problemas no desenvolvimento na perna direita. Após anos de fisioterapia, em 1997, ela começou a sentir dores no membro afetado pela doença. Em nenhum momento, porém, a professora relacionou esses sintomas com a pólio. 'Comecei a sentir fraqueza para andar até que, um dia, não consegui sair do lugar', relembra. Depois disso, Olivério começou uma via-sacra de cinco anos por consultórios de neurologistas e ortopedistas. 'Todos faziam perguntas sobre meu histórico de saúde, mas nenhum mencionou a síndrome.' A resposta veio quando ela leu um artigo assinado por Seixas. 'Eu me identifiquei com todos os sintomas descritos por ele.'



Hipótese



A medicina ainda não chegou a uma conclusão sobre o que causa a síndrome pós-pólio. De acordo com uma tese que tem sido aceita nos últimos anos, a doença pode estar associada à morte, por esgotamento, dos neurônios responsáveis pelo movimento. 'Com a poliomielite, boa parte dos neurônios motores morre, e os que sobram são condicionados a trabalhar por três ou até por cinco neurônios', explica Berenice Cataldo, do Ambulatório de Doenças Neuromusculares da Santa Casa de São Paulo. 'As primeiras manifestações da síndrome são a fadiga e a fraqueza muscular, como se as fibras estivessem perdendo a força', diz Rogério Carvalho de Castro, ortopedista da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente). No entanto esses sintomas nem sempre são suficientes para que o paciente procure um médico. 'Muitos confundem a síndrome com estresse, e até os médicos têm dificuldades para fazer o diagnóstico', afirma Acary Bulle de Oliveira, chefe do setor de doenças neuromusculares da Unifesp. Segundo Oliveira, a falta de intimidade com a síndrome é fruto da falta de interesse dos profissionais na área. 'Quando houve a epidemia de pólio [leia mais na pág. ao lado], muitos médicos se especializaram na doença, mas poucos continuaram pesquisando o assunto.' Por conta das poucas pesquisas existentes sobre a síndrome pós-pólio, a medicação indicada aos pacientes é apenas paliativa. 'Usamos medicamentos para aliviar os sintomas', afirma Oliveira.



Adaptação da rotina


Após o diagnóstico, pacientes da síndrome pós-pólio precisam adaptar sua rotina diária às limitações que a doença lhes impõe. 'Fazia parte da mentalidade das pessoas exigir tudo de quem tivesse alguma sequela da pólio. Hoje, sabemos que esse não é o caminho', explica Oliveira.
A receita para os pacientes que tiveram pólio na infância é poupar o corpo. Segundo Oliveira, os pacientes devem prevenir o cansaço e esgotamento físico. 'Não é indicado, por exemplo, subir e descer escadas, andar longas distâncias ou permanecer muito tempo de pé.' Ele recomenda descansar um pouco após fazer qualquer tipo de atividade.
Prevenir o cansaço, porém, não significa tornar-se sedentário e eliminar os exercícios físicos do cotidiano. 'Os exercícios devem ser feitos, mas com critério', diz Castro. Entre as atividades recomendadas pelos especialistas estão a natação e a hidroginástica.



Associação divulga informações

Cientes de que é difícil obter orientações sobre a síndrome pós-pólio, os próprios portadores decidiram se organizar. Ainda em fase de formação, a Associação Brasileira de Portadores da Síndrome Pós-Pólio conta com 80 associados, e seu principal objetivo é divulgar informações sobre a doença. 'É muito duro a gente sentir que tudo está mudando e não saber o que está acontecendo', afirma Luiz Baggio Neto, 48, um dos fundadores da associação. Ele teve pólio aos dois anos e começou a sentir os sintomas da síndrome há cerca de seis anos. A longo prazo, o grupo pretende agir também em relação à previdência. 'Precisamos garantir o direito de aposentadoria precoce para quem estiver muito debilitado', diz Baggio. Como a associação ainda não tem sede, os contatos devem ser feitos por e-mail (pos-polio@uol.com.br).
Doença foi erradicada no Brasil
O último caso brasileiro de poliomielite foi registrado em 1989. Cinco anos depois, a OMS (Organização Mundial da Saúde) concedeu ao Brasil o Certificado de Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem nas Américas.
No entanto o fato de a doença estar erradicada não significa que a vacinação seja desnecessária. 'Pelo contrário. A doença está erradicada justamente por causa das intensas campanhas de vacinação, mas o vírus ainda circula pelo ambiente', afirma Acary Bulle Oliveira, chefe do setor de doenças neuromusculares da Unifesp.
A vacinação em massa, iniciada em 1961, foi responsável pela redução gradual dos casos de poliomielite, que ainda faz vítimas em países africanos e na Índia e causou a morte de milhares de pessoas em todo o mundo entre as décadas de 50 e 80. A doença, porém, é muito mais antiga. O primeiro registro que se tem das sequelas da pólio é uma peça egípcia, datada de cerca de 1.500 a.C.
'Os três vírus da poliomielite são transmitidos pelo contato com fezes ou secreções respiratórias', explica o infectologista Otávio Augusto Branchini, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (SP).
Após o período de incubação, que varia de uma a duas semanas, a pessoa infectada tem sintomas parecidos com os de uma gripe comum: febre e dores musculares. Apenas 1% dos casos de pólio levam à paralisia de um ou mais membros, que é o maior perigo da doença. 'O vírus pode iniciar um processo inflamatório que provoca a necrose das células da medula espinhal', diz Branchini. Essas células são responsáveis por comandar o movimento dos músculos.
Na fase aguda, a poliomielite evolui rapidamente da febre para a atrofia dos membros. A recuperação dos movimentos depende dos danos causados pela inflamação. 'Pode levar meses e até anos, e o paciente pode não recuperar todas as habilidades perdidas', diz Oliveira.



JORNAL O GLOBO

2 comentários:

  1. nossa gente quando vão ter peritos no inss que conheça a doença e angustiante ter que rceber pericias negadas pelo inss. um abraço
    Atenciosamente
    Mari Ruppenthal

    ResponderExcluir
  2. É mais fácil te dizer não do que os peritos buscarem o conhecimento sobre a SPP. O que nós podemos ir fazendo é buscar o conhecimento necessário para em uma linguagem médica colocar ao perito que sendo uma doença desconhecida por muitos deles argumentar com o nosso saber ai assim não mais será negada perícia do inss.
    Lutar sempre, desistir jamais.
    Grande e fraternal abraço

    ResponderExcluir

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