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terça-feira, 15 de março de 2011

14/03/2011 , às 15h32 

Hospital federal testa novo medicamento brasileiro contra tumor cerebral


Unidade ligada ao Ministério da Saúde utilizará produto desenvolvido que aumenta a sobrevida dos pacientes e perspectivas de êxito no tratamento 
Até o final de março pacientes do Hospital Federal de Ipanema começarão a participar da fase decisiva de testes de um novo medicamento quimioterápico para tratamento do tipo mais comum e letal de tumor cerebral maligno. O produto, pesquisado, desenvolvido e patenteado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), aumenta a sobrevida dos doentes e as perspectivas de êxito no tratamento. 

Essa participação se deve a um convênio firmado com a UFF, em dezembro, que tornou o Hospital de Ipanema a unidade de referência na rede federal no tratamento e no estudo desse tumor. Os serviços de Neurocirurgia, Anatomia Patológica, Imagenologia e Oncologia da unidade darão toda a assistência aos pacientes. Já os exames de patologia molecular serão feitos pelo laboratório da universidade. 

“A importância dessa parceria com a Universidade Federal Fluminense é que nós já estamos entrando numa fase bem adiantada desse projeto, que se mostra bastante promissor. Isso demonstra mais uma vez o pioneirismo do Hospital de Ipanema em aderir a novas iniciativas, nesse caso, com foco visando o sucesso no tratamento dos pacientes portadores dessa doença” – avalisa o diretor da unidade, Geraldo Di Biase. 

Para esse trabalho, foram observados rigorosamente os procedimentos relacionados à ética em pesquisa. Os pacientes possuem pleno conhecimento das atividades desenvolvidas e assinam os termos de consentimento esclarecido para participarem das pesquisas. 

Perspectivas - O convênio abre duas frentes de luta contra o glioma, que, conforme a literatura científica, é o que mata mais e responde por 56% dos casos de tumores cerebrais malignos. A primeira é a assistência completa aos pacientes no Hospital de Ipanema, incluindo a aplicação do novo quimioterápico. Embora ainda em testes, o medicamento é capaz de aumentar a sobrevida em de quatro meses a um ano. Tempo precioso para a continuidade dos tratamentos de quimioterapia e radioterapia. 

A segunda está nos exames de patologia molecular no laboratório da UFF. O chefe do Serviço de Neurocirurgia do hospital, Júlio César Thomé, explica que serão feitos exames com monitoramento do DNA e de outras substâncias das células cancerosas para estudar o perfil e a evolução dos tumores. Para ele, isso será fundamental para compreender e tratar melhor esses tumores, além de possibilitar o desenvolvimento de pesquisas e teses. 

Na avaliação de Júlio Thomé, além de oferecer todos os recursos clínicos e cirúrgicos aos pacientes, incluindo medicamentos, essa iniciativa proporcionará avanços no tratamento desse tipo de tumor cerebral maligno. “Até dezembro de 2012 teremos cerca de 20 projetos de pesquisa em andamento, com teses de mestrado e doutorado” – aposta. 

Novo quimioterápico - Segundo Júlio Thomé, o novo quimioterápico, cujo nome é Monoterpenoalcool Perílico, atua no DNA das células cancerosas e provoca bem menos efeitos colaterais. Thomé ressalta que, ao invés de eliminar sumariamente essas células, o medicamento age em uma proteína da membrana de cada uma delas para interferir na programação genética e abreviar seu ciclo de vida. Ou, simplificando, é um processo de ‘indução ao suicídio’ das células cancerosas. 

De acordo com Júlio Thomé, o novo medicamento é aplicado por nebulização, não causa queda de cabelo como outros quimioterápicos e tem poucos efeitos colaterais. O produto começou a ser desenvolvido pela UFF em 2005, já foi testado em animais e está no final da segunda fase de testes, com seres humanos. 

Na terceira e decisiva, a expectativa é que, além dos 199 pacientes da segunda fase, mais 80 ingressem nos testes no Hospital de Ipanema. Oito deles já estão na unidade. Júlio Thomé acredita que cerca de 50 desses novos 80 pacientes deverão ser submetidos a neurocirurgias. Segundo ele, a quimioterapia sempre é necessária. Seja após a ressecção cirúrgica de tumores ou no tratamento daqueles que, devido às elevadas dimensões, não podem ser operados. 

Por João Borges, da Agência Saúde – Ascom/Nerj 
21/3985-7444 



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