ANO 117 Nº 109 - PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 17 DE JANEIRO DE 2012
Porque a praia é de todos
Cadeirantes podem aproveitar as delícias do mar como qualquer veranista em projeto do Sesi
A alegria estampada nos olhos de Carlos Alberto Fantinelli, 53 anos, ao entrar no mar, emocionou a todos que estavam ao seu redor. Carlos Alberto sofre de paralisia cerebral e tem dificuldades em se locomover. Ontem à tarde, em Tramandaí, ele, juntamente com os pais, foi até a Tenda Multiartes, no projeto Verão Sesi, em parceria com a Petrobras. No local, é disponibilizada uma cadeira especial, que leva pessoas com dificuldade de locomoção até o mar. No ano passado foi feito um piloto, com apenas um final de semana. Nesta temporada, a cadeira poderá ser usada até o final do veraneio. Natural de Canoas, na região Metropolitana, a família veraneia há 28 anos em Tramandaí. A mãe de Carlos Alberto, Wanda Fantinelli, lembra que o filho teve encefalite aos quatro meses de idade e perdeu parte da coordenação motora, além de dificuldades com a fala. Hoje, já um homem, fica difícil para os pais ou parentes levá-lo para o mar, devido ao seu peso. "É a primeira vez que o Sesi mantém a cadeira aqui na praia e eu acho isso muito bom", elogiou Wanda. Wanda conta que há 28 anos faz ginástica na tenda do Sesi e levava o filho para assistir. Foi quando no último dia 7 descobriu a cadeira. Não teve dúvidas: ontem levou o filho para o banho de mar. "Estou muito feliz", disse Wanda, com um grande sorriso. "Vamos ficar aqui (Tramandaí) até fevereiro", revelou. Com certeza Carlos Alberto terá oportunidade de tomar outros banhos de mar e sorrir da mesma forma como fez ontem, levando quem estava ao seu lado às lágrimas. De acordo com o coordenador do Sesi Verão, Juliano dos Santos Souza, no último final de semana de 2011, quando foi apresentado o equipamento, 42 cadeirantes tomaram banho de mar. Neste veraneio, desde o dia 7, já foram 20 cadeirantes, sendo que em dia de semana a média é de três pessoas portadoras de necessidades especiais a utilizarem o equipamento. "Nos finais de semana o número aumenta para 10 ou 12, por dia", disse Souza. "Este serviço é o primeiro do Estado que funciona o veraneio todo", acentuou. Souza lembra de um rapaz, de 31 anos, que este ano procurou a cadeira flutuante. Ele trabalhava como segurança e ficou paraplégico após receber um tiro. Com a cadeira de rodas não conseguia nem entrar na areia. "Ele nos disse que já tinha perdido a esperança de um dia voltar a tomar banho de mar", relembrou Souza. "Assim, como uma idosa, que não podia se locomover, e em 2011 foi a primeira vez que entrou no mar", contou Souza. O Sesi também oferece xadrez, dominó e filmes para deficientes visuais, assim como vôlei para quem não tem mais o movimento das pernas. ONGs de todo RS podem agendar uma passeio na cadeira pelo fone , ramal 8521. O passeio na cadeira flutuante dura em média 15 minutos, quando há um número grande de pessoas. |
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